Redezoo noUFBA mostra a sua cara!

O NOAP (Núcleo Regional de Ofiologia e Animais Peçonhentos da Bahia) esteve presente no congresso “UFBA mostra a sua cara!” com a Redezoo e a exposição interativa dos bichos. Através da exposição o publico pode tirar duvidas, ver de perto e conhecer um pouco mais dos bichos expostos.

Confira nas imagens abaixo:

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CIÊNCIA HUMANITÁRIA – UMA EXPERIÊNCIA NA ÁFRICA

Por Rejâne M. Lira-da-Silva

Ao colocar os pés na África subsaariana definitivamente não sou mais a mesma.
Aqui me reconheci como Ser Humano. Sim, porque partiu daqui a nossa origem.
Aqui me reconheci como Brasileira. Sim, porque tenho sangue índio, negro e português correndo em minhas veias.
Aqui me reconheci como Cidadã do mundo. Sim, porque aqui cabe o mundo inteiro!
Viva a África! (Cotonou, Benim, 08/10/2015)

 

A partir de 2014, criei um campo de atuação na Universidade Federal da Bahia, denominado “Ciência Humanitária”, que significa que o trabalho de pesquisa de cientistas deve estar aliado a atividades humanitárias em regiões pobres do Brasil e de outros países da África e América Latina, por exemplo. O trabalho humanitário pode ou não estar associado ao seu campo de pesquisa, envolvendo inclusive trabalhos de ajuda à equipe médica em hospitais, à equipe de educação em escolas ou mesmo à escuta e apoio as pessoas mais carenciadas em asilos, templos religiosos (independente de ter ou não uma religião), ONG e/ou associações comunitárias.

A ciência humanitária é portanto um trabalho de Voluntariado realizado por Cientistas que traz benefícios para a sociedade em geral e para o pesquisador (a) que realiza tarefas voluntárias, aliadas às suas atividades de pesquisas.

O trabalho voluntário produz importantes contribuições, tanto na esfera econômica como na social, e contribui para a uma sociedade mais coesa, através da construção da confiança e da reciprocidade entre as pessoas. Ele serve à causa da paz, pois abre oportunidades para a participação de todos (Organização das Nações Unidas – ONU).Dipi

Nosso trabalho de ciência humanitária se consolidou com Projeto Sala Verde da UFBA do Edital PROEXT/Programa Vizinhanças 2014-2015 da Pró-Reitoria de Extensão Universitária da UFBA, com o objetivo de trabalhar junto com a comunidade quilombola de São Francisco do Paraguassu (Cachoeira/BA), desenvolvendo atividades de educomunicação, democratizando o acesso à informação ambiental e funcionando como espaço democrático de atuação social, cultural, política e ambiental, através da realização de Oficinas (ver atividades no site da Sala Verde da UFBA https://salaverdeufba.wordpress.com/).

De 14 de setembro a 10 de outubro de 2015 ultrapassei as fronteiras e trabalhei na África, no Benin e na Costa do Marfim, em parceria com os pesquisadores do Instituto Pasteur, realizando ações humanitárias, em paralelo com pesquisas sobre acidentes por animais peçonhentos, durante meu Estágio Sênior, financiado por uma bolsa da CAPES (Ciência sem Fronteiras) e orientado pelo Dr. David Williams, da Universidade de Melbourne, Austrália. Minha jornada começou dia 20 de agosto de 2015 quando viajei para Lisboa, Portugal, para participar do XVI Encontro Nacional de Educação em Ciências, de 10 a 12 de setembro na Universidade de Lisboa; e finalizou neste mesmo País, quando ao retornar do continente africano, participei do 2º Encontro Lusobrasileiro da História da Medicina Tropical, de 14 a 16 de outubro na Universidade Nova de Lisboa, com a apresentação de pesquisas em parceria com diversas instituições brasileiras. 

De Lisboa, dia 14 de setembro de 2015 fui para o Benin e depois para Costa do Marfim (dia 30 de setembro de 2015), como parte do meu Projeto de Pós-Doutorado, com o objetivo de conhecer globalmente o problema dos acidentes por animais peçonhentos, para além da realidade brasileira.

O Benim, oficialmente República do Benim (em francês: République du Bénin), é um país da região ocidental da África limitado a norte por Burkina Faso e pelo Níger, a leste pela Nigéria, a sul pela Enseada do Benim e a oeste pelo Togo. A capital constitucional é a cidade de Porto-Novo, mas Cotonou é a sede do governo e a maior cidade do país, que tem 112.622 km² e uma população de quase 9 milhões de habitantes. Do século XVII ao século XIX foi governada pelo Reino de Daomé. Esta região foi referida como a Costa dos Escravos, desde o século XVII devido ao grande número de escravos embarcados para o Novo Mundo durante o tráfico negreiro transatlântico, inclusive para o Brasil, principalmente para a Bahia. Após a escravidão ser abolida, a França tomou conta do país e rebatizou Daomé francês. Antiga colônia francesa, o país alcançou independência em 1 de agosto de 1960, com o nome de República de Daomé. Em 1975, adotou o atual nome de Benim, em razão de o país ser banhado a sul pela Baía do Benim (https://pt.wikipedia.org/wiki/Benim). A despeito da língua oficial ser o francês, estar no Benim é como estar na Bahia, o mesmo clima tropical e a mesma gente hospitaleira de sorriso largo. Mas claro que há diferenças, o país é muito pobre e a miséria, a fome e as doenças estão em todo lugar, situação já superada pelo Brasil. A relação Bahia-Benim é tão forte, seja na influência dos beninenses na nossa religião e culinária, principalmente, que foi criada a Casa do Benim, em 1988, pelo então prefeito Mário Kertész, juntamente com a arquiteta Lina Bo Bardi e o fotógrafo e antropólogo Pierre Verger. Vale muito a pena conhecer, fica no Pelourinho! Do Benim escrevi:

O que a Bahia tem a ver com o Benin? Tudo! O acarajé por exemplo, é daqui, assim como o dendê e o feijão fradinho. A baiana foi quem aumentou o bolinho e colocou vatapá, caruru, camarão e salada. Virou um dos nossos patrimônios… (30/09/2015).

Ainda sobre Bahia e Benin, é bonito de ver as origens do Candomblé e da Umbanda, na religião Vodum, com os mesmos orixás. Quem melhor retratou essa semelhança foi o querido Pierre Verger. Aqui há respeito por todas as religiões, inclusive o Vodum, a ancestral. (30/09/2015).

Eu teria muito o que falar sobre estar neste País, mas vou contar a experiência mais significativa que vivi na cidade de Ouidah, quando visitei o Templo das Serpentes e a Porta do Não Retorno. Ouidah significa python, uma serpente adorada aqui como uma divindade por sua força e beleza e o povo ouiadense traz no rosto as marcas feitas quando ainda são bebês emhomenagem a este animal. Mas foi na Porta do Não Retorno que tive a minha maior emoção. Este monumento é reconhecido como patrimônio mundial da humanidade pela UNESCO e é um Museu. O local era o último passo para a escravidão de africanos de vários países, como o próprio Benin, Togo, Nigéria, Angola, etc., para outros países, principalmente para o Brasil (Bahia). Lá escrevi:

No caminho, meu coração já estava apertado, mas quando cheguei aqui desabei no choro ao sentir o sofrimento das pessoas naquele lugar. Diante dos 3 africanos que estavam comigo senti vergonh
Porto Novo5a por ser de um país que arrancou crianças, mulheres e homens da sua terra natal para morrer nos barcos ou viver o horror da escravidão no Brasil. Anselmo, meu guia, me abraçou e disse “não chore, a escravidão é passado. Este monumento foi erguido para mostrar aos povos que saíram daqui só os corpos porque o espírito dos africanos ficou aqui na Africa”. Ao mesmo tempo, senti que estava em casa, em Salvador, a mesma gente boa, a mesma temperatura, o mesmo vento, o mesmo cheiro e cor do mar… Sempre soube, somos todos Africanos… (17/09/2015)

No Benim, fui recebida pelo pesquisador Jean Philippe Chippaux do Instituto Pasteur em Cotonou, que me orientou a realizar a pesquisa no Hospital Evangélico de Bembereke, cidade situada no norte do país, quase na fronteira de Burquina Faso.

A viagem foi uma aventura à parte e vivi o momento mais perigoso quando, na fronteira com a Nigéria, o ônibus em que eu estava foi parado pelo grupo armado terrorista Boko Haram (uma organização fundamentalista islâmica de métodos terroristas que tem como ideologia a imposição da lei Charia, combate à corrupção no governo, a falta de pudor das mulheres, a prostituição e outros vícios; segundo eles, os culpados por esses males são os cristãos, a cultura ocidental e a tentativa de ensinar algo a mulheres e meninas, que são sequestradas e começam uma vida nova como servas). Felizmente não entraram no ônibus e só exigiram dinheiro do motorista. Sendo mulher e sozinha em um país de maioria mussulmana, era mesmo aos olhos deles, muito, muito diferente… Desembarquei no meio da estrada, em frente ao hospital, às 18h de uma sexta-feira. Já estava escuro e me perguntei, será que vou encontrar alguém da administração para me levar ao alojamento? Sim! Cheguei e já estavam à minha espera. Fui logo conduzida ao alojamento dos médicos, missionários e voluntários e ainda recebi um carona para comprar alguma comida na cidade, que era muito, muito pequena. Alojada e alimentada, fechei os olhos e me senti feliz de estar alí, junto ao povo africano.

O trabalho de pesquisa no Hospital Evangélico de Bembereke teve como tema “As consequências da negligência: análise do custo do tratamento do ofidismo em um hospitalBembereke10 no Benin”, onde pesquisei as fichas do pacientes atendidos e o custo do tratamento que é muito caro, chegando a 10.000 reais, apesar do subsídio dado pela Igreja Evangélica, pagos quando é possível, por trabalhadores rurais e de baixa renda. Sem dinheiro, dezenas de pessoas morrem todos os dias, sem receber qualquer tipo de assistência. No Brasil, o tratamento é totalmente gratuito para a população, que é atendida em hospitais e postos de saúde pelo SUS. O trabalho humanitário envolveu o apoio à equipe de saúde (médicos e enfermeiros), no cuidado e transporte de pacientes, mas principalmente o apoio emocional aos pacientes, com visitas e conversas. Entre estas conversas, a orientação sobre a prevenção e cuidado em relação aos acidentes por serpentes. De lá escrevi:

Em Bembereke, norte do Benin, fronteira com o Níger e Burkina Faso, neste hospital acompanhando os pacientes picados por serpentes, parece que o mundo abandonou este povo… Onde há tanta pobreza e miséria há uma gente maravilhosa, com um sorriso aberto e franco…  (24/09/2015).

Obrigada a toda a equipe do Hospital Evangélico de Bembereke, Benin! Aqui el@s são assim, FORTES, para trabalhar em condições precárias e lutar em favor da VIDA! Gente e experiências inesquecíveis! Até breve! (24/09/2015).

Minha reverência a esta gente beninense trabalhadora, mulheres, homens e infelizmente crianças. Há muita semelhança com a Bahia… (25/09/2015).

A Costa do Marfim (em francês: Côte d’Ivoire), oficialmente République de Côte d’Ivoire, é um país limitado a norte pelo Mali e por Burkina Faso, a leste por Gana, a sul pelo oceano Atlântico e a oeste pela Libéria e pela Guiné. Sua capital é Yamoussoukro, mas a maior cidade é Abidjan. O país tem 322.463 km² e uma população de mais de 20 milhões de habitantes. Os antecessores da população atual se instalaram na área entre os séculos XVIII e XIX. Os exploradores portugueses chegaram no século XV e iniciaram o comércio de marfim e escravos no litoral. No século XVII estabeleceram-se diferentes estados negros, entre os quais se destacou o dos baules por suas atividades artísticas. No final do século, os franceses fundaram os entrepostos de Assini e Grand-Bassam e, no século XIX, celebraram uma política de pactos com os chefes locais com o objetivo de estabelecer uma colônia. Em 1887, iniciou-se a penetração para o interior e a região se tornou uma colônia autônoma em 1893. Em 1899, passou a fazer parte da federação da África Ocidental Francesa. A ocupação militar ocorreu entre 1908 e 1918, enquanto se construía a linha férrea entre o litoral e Bobo-Dioulasso, hoje pertencente a Burkina Faso. Em 1919, a parte norte da colônia se tornou independente. Abidjan permaneceu sob jurisdição francesa durante a Segunda Guerra Mundial, embora a França estivesse ocupada pelos alemães. Em 1944, foi criado o Sindicato Agrícola Africano, que deu origem ao Partido Democrático da Costa do Marfim (Parti Démocratique de la Côte d’Ivoire). Em 1958, foi proclamada a República da Costa do Marfim, como república autônoma dentro da Communauté française (Comunidade Francesa) e, em 1960, alcançou a independência plena (https://pt.wikipedia.org/wiki/Costa_do_Marfim)

Na Costa do Marfim fiquei em um hospedada em um hotel em Abidjan, a única mulher, por sinal.  Abidjan é considerarada a 10ª pior cidade do mundo para se viver, sendo uma espécie de “São Paulo” piorada do país. A metrópole concentra a base econômica e o maior contingente populacional (4,7 milhões de habitantes) da Costa do Marfim. Altos índices de criminalidade, violência extrema, abuso de poder e corrupção, além de taxas elevadas de consumo de cocaína entre os jovens tornam a cidade uma péssima opção para se viver, de acordo com a revista britânica The Economist. (http://www.ibdn.org.br/novo/index.php/ultimasnoticias/1845-as-10-piores-cidades-do-mundo-para-viver.html). De fato, a cidade é poluída, as condições sanitárias são muito ruins e praticamente não existe transporte público. A despeito disso, no centro da cidade existe a linda floresta de Banko, um parque nacional onde vi pela primeira vez chipanzés livres na natureza e isso compensou todos os riscos… Há um fosso social enorme, com muitos bairros muito pobres e poucos bairros muito ricos. Fiquei no bairro popular de Yopougon, que conta com cerca de 2 milhões de habitantes e é o maior e mais populoso bairro da cidade. A experiencia foi incrível pois pude vivenciar o dia-a-dia dos marfinenses e conheci um povo alegre e muito trabalhador. Fui recebida pela equipe do Instituto Pasteur e trabalhei junto com o Farmacêutico/Herpetólogo Marc Hermann Akaffou, que se tornou um grande amigo.

O trabalho de pesquisa teve como tema “O impacto da negligência dos acidentes por serpentes na Costa do Marfim”. Para isso, percorri todo o sul do país, da Guiné até Gana, visitando unidades de saúde, hospitais e a comunidade, conversando com médicos, enfermeiros, farmacêuticos, “curandeiros”, pacientes e a família. O trabalho humanitário consistiu em auxílio à Assuinde2equipe de saúde no que fosse necessário, auxílio em campanha de vacinação contra a poliomielite e conversas com pessoal da saúde sobre tratamento e com os pacientes sobre a prevenção e cuidado em relação aos acidentes por serpentes. Como pesquisadora-humanista vivenciei minha maior emoção ao acompanhar um garoto picado por uma Naja, que foi a óbito porque seu Pai não tinha dinheiro para pagar o tratamento. Este caso, me mostrou que as mortes por serpentes na África não são apenas número, tem rosto, nome, sobrenome, família e principalmente sonhos. De lá escrevi:

Na Costa do Marfim, a situação dos acidentes por serpentes é negligenciada como em toda a África. Nestes 2 dias viajei por várias comunidades até a fronteira com Gana e hoje encontrei a situação mais grave. Um menino de 14 anos picado por uma Naja (provável), que não vai receber o tratamento porque seu pai não tem dinheiro para pagar. Ele tem uma equipe médica, está em um hospital público que tem o soro, mas custa o absurdo de 100 euros 1 ampola! Saio daqui com a pior das sensações: não posso fazer nada…, apenas registrar. No entanto, em colaboração, podemos fazer muito em um futuro próximo, para ajudar a minimizar este problema… Para ele e a família, meu apoio e a minha compaixão… (03/10/2015).

Despeço-me da Costa do Marfim (Cote d’Ivroy) com a sensação que viajar nos torna mesmo mais ricos. Cheguei em Abidjan sem conhecer nada nem ninguém e com a missão de fazer um diagnóstico do ofidismo no país. Missão difícil, mas não impossível quando se encontra uma equipe tão amigável e acolhedora, como a do Instituto Pasteur. A el@s, minha gratidão, especialmente ao colega herpetólogo Akkafu! Na Costa do Marfim, conheci a dramática situação dos pacientes picados por serpentes, realmente negligenciada pelo governo. Mas também conheci os belos e incríveis animais africanos, particularmente as serpentes. Estive na floresta africana de Banko. Vi praias, lagunas e rios. Conheci uma verdadeira baiana, não vendendo acarajé, mas bolinhos de milho. E finalmente, vi o que une a Bahia à Costa do Marfim: o povo alegre e trabalhador, a comida, a dança, o clima, a música e principalmente a coragem e a capacidade de vencer as adversidades e VIVER! Até breve! (07/10/2015)

Car@s leitores, esta foi a experiência mais marcante de minha vida como ser humano, cientista e divulgadora da ciência. Retornei para o Brasil em 17 de outubro de 2015 para participar do 6º Encontro de Jovens Cientistas e do Encontro Nacional Vital para o Brasil sobre Animais Peçonhentos (São Paulo), quando neste último evento, partilhei minha experiência com especialistas brasileiros. Voltei com muitos projetos e sonhos em unir pesquisadores e instituições em ajuda aos países da África, uma vez que o Brasil é um modelo de tratamento gratuito dos acidentes por animais peçonhentos, graças a Vital Brazil, que descobriu a especifidade do soro e doou a patente ao povo Brasileiro. Também sonho em realizar uma parceria com o Instituto Pasteur do Benin e Costa do Marfim, como o intuito de levar estudantes baianos para trabalhar como voluntários nestes dois países, através de cooperação a ser firmada com a UFBA. Afinal, cientistas não vivem apenas de suas pesquisas, podem também viver de sonhos e de que seu saber ajude a manter a paz, trazer alívio em situações de emergência, promover os direitos humanos, melhorar as condições de saúde, ensinar técnicas efetivas de agropecuária, por exemplo, promover a igualdade de sexos e proteger o meio-ambiente.

Dia 07 de novembro de 2015 coloquei meus pés na estrada novamente rumo a Austrália e a Pápua Nova Guiné, mas esta aventura eu conto no próximo número, até mais!

*Rejâne M. Lira-da-Silva é Bióloga, Professora Associada do Instituto de Biologia da UFBA e Bolsista de Estágio Sênior da CAPES (Ciência sem Fronteiras) –  2015-2016 (rejane@ufba.br)

Este arquivo foi publicado na Revista Jovens Cientistas n.7, para ler na integra acesse: https://goo.gl/Y5nTuP

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CENTROS AVANÇADOS DE CIÊNCIAS: Transformando alunso do Ensino Fundamental I em Jovens Cienstistas

Por: Josefa Rosimere Lira-da-Silva, Rafaela Santos Chaves e Rejâne M. Lira-da-Silva 

Este artigo relata a experiência de implantação de um Centro Avançado de Ciências (CAC) numa escola municipal da periferia de Salvador, Bahia. Entendemos o Centro Avançado de Ciências como um espaço para o desenvolvimento de atividades de cunho científico extraclasse, onde os estudantes (voluntários e selecionados) são estimulados a fazer ciência, no sentido de que são orientados a desenvolver pesquisas sobre assuntos de seu interesse e, se possível, voltados para sua experiência pessoal e para a realidade da comunidade em que residem. Consequentemente, os jovens são estimulados a trabalhar na perspectiva das suas vocações científicas, realizando trabalhos de pesquisa teórica, produzindo experimentos, jogos didáticos, vídeos de divulgação científica, entre outros. Assim, acreditamos que é possível despertar o interesse destes estudantes pela ciência e, a longo prazo, melhorar o baixo nível do Estado e do país neste aspecto.
A Iniciação Científica Júnior é defendida no Brasil por Isaac Roitman desde 2003. O Programa Social de Educação, Vocação e Divulgação Científica da Universidade Federal da Bahia, berço dos Centros Avançados de Ciências e de projetos como o Encontro de Jovens Cientistas e a Revista Jovens Cientistas, existe desde 2004, com Centros implantados no Instituto de Biologia da UFBA (ainda ativo) e em escolas públicas de Salvador e região metropolitana. A implantação de um CAC numa escola municipal de Ensino Fundamental I em 2014 foi uma ação pioneira da equipe. FOTO1
Segundo Chassot (2003), os cidadãos alfabetizados cientificamente seriam aqueles que não só possuem conhecimentos científicos, mas que também entendem a necessidade de transformar o mundo em que vivem, e para melhor. Portanto, cada vez mais, os Centros e Museus de Ciências vêm despertando o interesse de educadores, cientistas e administradores públicos em todo o mundo. A implantação do CAC na Escola Municipal Irmã Elisa Maria (EMIEM) foi motivada por duas circunstâncias: primeiro, a experiência prévia da professora do 5º ano da escola, autora deste trabalho, como coordenadora pedagógica do Centro Avançado de Ciências do Instituto de Biologia da Universidade Federal da Bahia (UFBA), que vislumbrou a oportunidade de ampliar as atividades do Centro, atigindo também estudantes do Ensino Fundamental I da periferia da cidade; segundo, após o excelente desempenho e imensa receptividade dos estudantes do 5º ano em um projeto de construção de jogos de tabuleiro sobre temas de ciências como metodologia de aprendizagem em ciências.

Os objetivos

Os objetivos dos Centros Avançados de Ciências são: subsidiar o conhecimento técnico, científico e pedagógico para que a escola possa elaborar, construir e/ou executar seus projetos na área de ensino de Ciências; auxiliar a escola na criação, instituição, implantação e/ou manutenção de seus projetos de ciências, com fins a reconhecer que estes projetos devem estar associados aos valores da cidadania e desenvolvimento do ser humano; promover na comunidade escolar uma visão sistêmica quanto à importância da formação de cidadãos alfabetizados cientificamente, ampliando sua compreensão do mundo, começando pelos fenômenos presentes em sua vida cotidiana (LIRA-DA-SILVA et al., 2006). Nesse sentido, o objetivo deste trabalho é relatar as atividades realizadas no CAC-EMIEM, os resultados alcançados pelos estudantes e pela professora responsável pelo Centro, assim como evidenciar, na perspectiva do professor em constante formação, os desafios enfrentados para a viabilização e desenvolvimento deste projeto inovador numa escola municipal brasileira.

A implantação

O primeiro passo para a implantação do Centro Avançado de Ciências na Escola Municipal Irmã Elisa Maria foi a seleção dos estudantes interessados através de entrevistas. A seleção incluiu a resposta a duas perguntas: “Qual profissão você deseja seguir?” e “Qual contribuição você acredita que dará à sociedade com esta profissão?”. O processo seletivo foi aberto aos alunos do terceiro, quarto e quinto anos, por esperar que fossem alunos já alfabetizados. As atividades no Centro ocorreram aos sábados pela manhã (às vezes também à tarde) na sala de aula do 5º ano. Essas atividades consistiam na participação dos alunos do Centro nas oficinas oferecidas pela Universidade Federal da Bahia, através do Projeto Rede Colaborativa Universidade-Escola, financiando pelo CNPq, e preparação de tra
balhos (vídeos, jogos, experimentos ou comunicações orais) para o 5º Encontro de Jovens Cientistas (5º EJC).
Para a preparação dos estudantes para o 5º EJC, professores orientadores de áreas distintas (Química, Física, Biologia), integrantes do Programa Social de Educação, Vocação e Divulgação Científica, colaboraram. Cada estudante selecionado conversou com os professores orientadores para definir, dentro da sua área de interesse, o trabalho a ser realizado. Foi estabelecida uma programação rotineira para o Centro Avançado de Ciências: a primeira atividade sendo a “humanização”, que consistia de meditação, reflexão e contemplação com o objetivo de estimular a concentração dos estudantes, após a qual ocorriam as atividades previstas para o encontro – oficinas ou preparação de trabalhos.
Quinze estudantes foram selecionados para o CAC-EMIEM. Destes, doze concluíram as atividades no Centro. Dois estudantes desistiram por conta própria e uma não pôde concluir as atividades devido ao excesso de faltas, entre outros problemas.
A primeira atividade realizada no Centro Avançado de Ciências da Escola Municipal Irmã Elisa Maria foi uma oficina de produção de vídeos científico. A oficina teve por objetivo estimular os estudantes a realizarem uma leitura crítica da ciência e produzirem materiais de comunicação e divulgação científica utilizando tecnologias digitais disponíveis na atualidade, como celulares e câmeras digitais. Nesta oficina, os estudantes puderam construir minivídeos de um minuto de duração sobre assuntos relacionados a ciências. Foram produzidos quatro vídeos sobre questões associadas à alimentação saudável, sendo todos submetidos e apresentados no 5º EJC. FOTO2
A segunda oficina que teve lugar no CAC-EMIEM foi “Jovens do Dedo Verde”, uma iniciativa da Sala Verde da Universidade Federal da Bahia diante do fato de 2014 ter sido considerado pela ONU o Ano Internacional da Agricultura Familiar. Nesta oficina os estudantes construíram uma horta escolar e, algum tempo depois, as hortaliças cultivadas foram utilizadas no preparo da merenda da Escola.
A terceira ofina, intitulada “A Terra Revela sua História”, foi a mais longa e totalizou oito encontros. Com o objetivo de discutir a história da Terra, apresentando os principais acontecimentos geológicos e biológicos que moldaram o planeta, a oficina trouxe para o Ensino Fundamental I assuntos que são pouco abordados neste nível de ensino, como tempo geológico, paleontologia, geologia e evolução. O encerramento da oficina aconteceu na Exposição Geologar, promovida pelo Museu Geológico da Bahia em um shopping da cidade. A partir desta oficina, os estudantes produziram protótipos de quatro jogos didáticos sobre o tema, sendo três deles finalizados e preparados para o 6º Encontro de Jovens Cientistas, em 2015.
A etapa de iniciação científica dos estudantes, ou seja, a preparação dos trabalhos científicos para o 5º Encontro de Jovens Cientistas ocorreu ao longo do ano, em sincronia com as oficinas. Esta etapa envolveu a escolha dos temas de trabalho; o estudo e discussão com os orientadores da bibliografia adequada; a definição da metodologia de trabalho; a produção e teste dos experimentos e jogos, bem como a preparação para comunicações orais; e a produção de pôsteres científicos. Na área de Astronomia foi produzido o experimento “A luneta de Galileu” e o jogo “Qual é a sua idade?”; na área de Física foram desenvolvidos os experimentos “Energia Solar – Energia Sustentável” e ”O que é e o que não é real – ilusão de ótica”; em Biologia foram produzidos os experimentos “O veneno da jararaca e a hipertensão: há relação?”, “Acidez no estômago”, “Fotossíntese de plantas aquáticas”, ”Endotérmicos e Ectotérmicos”, ”Troca-troca de cores: uma estratégia de sucesso” e “Fique de olho!”, assim como o jogo didático “Bate-bate coração!”; na área de Artes foi produzida a pesquisa bibliográfica (apresentada em comunicação oral) intitulada “A história da caricatura no Brasil”.
Por fim, no 5º EJC foram apresentados por estudantes do CAC-EMIEM quatro vídeos científicos, uma comunicação oral, nove experimentos e um jogo didático. Desses, foram premiados: “A História da Caricatura” (primeiro lugar na modalidade Comunicação Oral, categoria Ensino Fundamental I); “Qual a sua idade?” (terceiro lugar na modalidade Experimento com Pôster, categoria Ensino Fundamental I); “A Luneta de Galileu” (segundo lugar na modalidade Experimento com Pôster, categoria Ensino Fundamental I); e “Bate-bate Coração” (primeiro lugar na modalidade Jogos de Tabuleiro, categoria Ensino Fundamental I). Foram construídos artigos sobre todos os trabalhos premiados, que foram publicados na quarta edição da Revista Jovens Cientistas, publicação oficial do Programa Social de Educação, Vocação e Divulgação Científica da Bahia, promotor do Encontro de Jovens Cientistas. Os estudantes tiveram a oportunidade de verem a sua primeira publicação de artigo, ainda no Ensino Fundamental.

O que dizem os estudantes:
O resultado mais positivo deste trabalho, na perspectiva dos estudantes, é o fator motivação. Os integrantes do Centro se sentiram orgulhosos do trabalho que realizaram e estimulados a perseguir suas vocações, como relata J.V. (11 anos): FOTO3
“O que eu mais gostei foi que eu aprendi muito com as pessoas que visitaram meu trabalho, fazer esse trabalho me fez acreditar que quero ser engenheiro elétrico quando crescer”.
Outro aspecto importante é a valorização do indivíduo em formação, especialmente quando se trata de crianças de uma comunidade da periferia, que muitas vezes vivenciam situações de violência e abandono. M.S.M. (11 anos) e F.M (11 anos) dizem, respectivamente:
“Eu adorei esse evento! Adorei meu trabalho! Também gostei que várias pessoas colaboraram com o meu trabalho e fiquei muito feliz com a premiação! Pra mim foi i a maior realização da minha vida.” e “Gostei muito de apresentar meu trabalho, me diverti muito com as pessoas, teve um senhor que quis comprar o jogo por R$ 100,00!”.
Percebe-se também o amadurecimento dos estudantes, que levaram a sério seus trabalhos. E.W. (11 anos) diz:
“Eu achei que era fácil subir naquele palco e falar para as pessoas, mas quando cheguei lá em cima e vi as pessoas embaixo as palavras não saiam da minha boca. Eu poderia ter feito uma apresentação bem melhor, eu queria ter podido apresentar de novo” (E.W., 11 anos).

O que diz a professora
Todos os resultados adquiridos com as atividades no Centro Avançado de Ciências mostram como é rico um trabalho deste tipo na escola. Ter quinze alunos envolvidos na iniciativa parece um baixo número, mas não é. Isso porque as pesquisas são individuais, tendo em vista que não é proposta do projeto trabalhar com uma única temática para todos. A essência está em escutar os estudantes e fazer com que cada um desenvolva a pesquisa a partir de um interesse pessoal sobre o assunto. Um fator importante foi o auxílio de professores colaboradores durante a orientação desses projetos individuais dos estudantes. Sem o apoio dos colegas de colégio, a presença de professores externos (do Programa Social de Educação, Vocação e Divulgação Científica) durante as atividades do CAC foi essencial. A falta de colaboração dos professores é reflexo da falta de interesse de muitos deles em se envolver em outras atividades que não estejam diretamente relacionadas à sua prática didática em sala de aula.
FOTO4Durante o processo de implantação e execução das atividades também não houve suporte direto da direção da escola. O apoio cedido foi o espaço para a realização das atividades do CAC (uso do refeitório, banheiros, sala de aula, etc.). Assim, senti falta de uma presença maior da direção e das colegas no acompanhamento do trabalho desenvolvido com os estudantes, sobretudo, porque essas atividades estavam dando sucessivos resultados positivos aos estudantes e à escola.
Do ponto de vista financeiro, as escolas ainda precisam de apoio para entrar neste tipo de empreitada. Para a compra de materiais necessários para a realização das atividades do Centro Avançado de Ciências da Escola M. Irmã Elisa Maria, recebemos apoio da UFBA. Este fato atesta mais uma vez a importância da parceria entre a universidade e a escola. Tão logo as instituições de ensino básico e superior entendam a relevância de uma parceria entre ambas, todos os setores escolares serão beneficiados – atualização de professores, envolvimento de mais estudantes em iniciativas como o Centro Avançado de Ciências.
Desenvolver este tipo de trabalho dá certo dentro da escola, mas é necessário que seja um processo mais vivo e dinâmico, isto é, que esteja presente no dia a dia dos alunos e dos professores. Os resultados seriam ainda maiores se esta iniciativa de educação científica tivesse uma regularidade, não apenas de uma vez na semana. Ainda, é necessário mais vontade dos docentes em se envolver em trabalhos como esses. Nem sempre o gestor tem a dimensão do tipo de trabalho proposto e não presta apoio ao professor. Há apenas a preocupação em cumprir a carga horária dos professores em sala de aula, e isso é reflexo do modo como o sistema educacional encara as atividades inovadoras no espaço escolar.
Isaac Roitman, precursor do sistema de Iniciação Científica Júnior no Brasil, quando fala sobre este tipo de inicitaiva no seu livro “Educação Científica, quanto mais cedo melhor”, publicado em 2007, afirma que é necessário que haja um professor responsável e capacitado dentro da escola para desenvolver esse tipo de trabalho, esta mediação entre a escola e a universidade, porque alunos do ensino fundamental ainda não possuem autonomia para se deslocar sozinhos para a universidade, e nem é a intenção de que o trabalho seja desenvolvido somente entre a universidade e o estudante. Então é importante que o professor da educação básica seja este mediador capacitado entre a universidade e a escola. Os desafios são muitos. Falta de apoio da instituição, o turno de trabalho, que não permite a realização de outras atividades no espaço escolar, tendo em vista que é necessário estar em sala de aula em todos os turnos.FOTO5

Conclusão
Embora a formação em educação científica esteja no planejamento da educação municipal, a maioria dos profissionais da rede municipal e a comunidade escolar não sabem ou não entendem o que isso significa. Não existem escolas na cidade de Salvador, por exemplo, que sejam referência na elaboração e execução de trabalhos concretos de educação científica. Desenvolver este tipo de trabalho nas escolas municipais dá certo, como pudemos perceber, mas é necessário que a educação científica ocorra de maneira mais dinâmica, isto é, que esteja presente no dia a dia dos alunos e dos professores. Ainda, para que seja possível a realização de um trabalho como este, é necessário que o professor tenha uma experiência anterior em projetos similares, tendo um grupo interdisciplinar junto a ele, o apoio da universidade, e que seja capacitado para desenvolver este trabalho. Um professor sozinho talvez não consiga realizá-lo. Sobretudo, é fundamental acreditar que os resultados alcançados são bons para a escola e para comunidade não só a curto prazo, mas também a médio e longo prazo.

Josefa Rosimere Lira-da-Silva é Pedagoga e Professora da Rede Municipal de Ensino de Salvador, Bahia (rosimere.lira@gmail.com).
Rafaela Santos Chaves é Bióloga e Mestranda do Programa de Pós-Graduação em Ensino, Filosofia e História das Ciências UFBA/UEFS, Salvador, Bahia (rafaschaves@gmail.com)
Rejâne M. Lira-da-Silva é Bióloga, Professora Associada e Coordenadoraora do Programa Social de Educação, Vocação e Divulgação Científica na Bahia, Instituto de Biologia, Universidade Federal da Bahia, Salvador, Bahia (rejane@ufba.br
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Verdura é Tudo de Bom!

Por: Felipe Barbosa Dias, Aglai Raiane Miranda Correia, Charlton Hebert Ribeiro Santiago, Daniele Laranjeiras de Andrade, Evilla Wanda Reis de Lima, Lain Blanco de la Peña, Larissa Lima Santos, Pedro Santana Sales Lauria, Matheus Reis Santos Aguiar, Vincent Malheiros Knaebel, Ivson Santana Gomes e Rejâne M. Lira-da-Silva

A peça teatral “Verdura é tudo de bom” foi produzida no âmbito do componente curricular ACCS A82 – Programa Social de Educação, Vocação e Divulação Científica da Bahia (2014.1), que representa uma Ação Curricular em Comunidade e Sociedade, multicurso, em homenagem ao Ano Internacional da Agricultura Familiar – 2014.FOTO5

Conta a história de Alfredo, um garoto que adora comer doces, fast-food e salgadinhos. Um dia, Alfredo estava com tanta fome que acabou comendo muito mais biscoito do que deveria, acabou passando mal e teve crises terríveis de vômito. Sua mãe, Dona Magda, o levou para o hospital, quando o Dr. Pepe recomendou uma dieta de vegetais. No entanto, Alfredo persiste em sua dieta de comidas não saudáveis, enquanto sua mãe tenta a todo custo mudar a rotina alimentar do seu querido filho. Nas férias da escola, D. Magda levou o seu filho para passar um tempo na fazenda de seu avô, o Sr. Adalberto. Lá o vovô fica sabendo, através de D. Magda, a situação de seu neto. Inconformado com a comilança de Alfredo, Sr. Adalberto pensa numa estratégia para conseguir reverter a situação. Lá, vovô sugere a Alfredo para juntos construírem uma horta suspensa plantando seus próprios vegetais. Com a horta crescida, eles colheram o resultado de um tempo de cuidado e preparo dos vegetais e prepararam um banquete delicioso. A partir desse dia, o menino Alfredo apren
deu a verdadeira importância que os vegetais possuem e valorizou àqueles que plantam e colhem todos os dias para levar o alimento à mesa das pessoas.

Os Personagens:

• Narrador;
• Alfredo (filho);
• Magda (mãe);
• Dr. Pepe (médico);
• Sr. Adalberto (vovô).

A Peça:

Narrador: Este é o Alfredo… Ele gosta de comer fast food, hambúrgueres, biscoitos recheados, refrigerante, etc…
Menino aparece feliz e saltitante. Avista algumas besteiras em casa (biscoitos, refrigerante, etc…) e começa a comer.
Alfredo: Ai, que delícia! Vocês gostam de biscoito? (Crianças respondem) Vocês querem um? (Crianças respondem) Mas eu não dou! É só meu!
Narrador: Alfredo começa a comer desesperadamente e passa mal. Começa a se sentir tonto e chama pela mãe.
Alfredo começa a passar mal, deita no chão e faz cara de dor.
Alfredo: – MÃÃÃE! Mãe: O que é menino?! Você estava comendo essas besteiras de novo não é? Eu já disse que essas coisas fazem mal! Vou te levar ao hospital agora mesmo, quem já se viu… Comer besteira todo dia, eu sempre te avisei!
Alfredo: Eu acho que vou desmaiaaaar! (Alfredo fazendo drama)
Mãe: Ai meu Deus, vou te levar ao hospital agora, vamos rápido!
Narrador: Chegando ao hospital, Alfredo começa passar muito mal e pelo visto… – Alfredo finge vomitar no chão – acho que a situação dele não está nada boa.
Mãe: Doutor, olha a situação desse menino. Come besteiras o dia todo! Passou mal agora de tanto comer biscoitos com refrigerante!
Alfredo: Doutor, me traga um MilkShake. Acho que vai resolver… de morango é o meu preferido.
Doutor: Negativo! O senhor sabe qual é a causa disso tudo? COMER DEMAIS. Ainda mais besteiras como biscoitos rechados, chocolates, hambúrgueres… Tudo em excesso faz mal garoto!
Mãe: TÁ VENDO MENINO! Da próxima vez você vai comer nem que eu tenha que enfiar uma berinjela na sua garganta.
Alfredo: AH NÃO, BERINJELA NÃO! Doutor: Calma Senhora, também não é assim. É bom ele comer bastante vegetais, frutas e verduras. Misture bem os vegetais no prato, como saladas por exemplo… De preferência deixá-lo bem colorido! Esse menino precisa comer mais vegetais!
Todos saem de cena…
Narrador: A ida ao hospital tinha tudo para ser o suficiente para Alfredo ter gosto de comer os vegetais, porém não foi bem assim que aconteceu…
Alfredo sai correndo fugindo da mãe, que carrega um vegetal na mão atrás dele.
Narrador: Com o término do ano letivo na escola, Alfredo vai passar as férias no sítio do avô muito contente… era louco para andar de cavalo, pescar, brincar na casa da árvore, enfim… tudo o que ele mais queria fazer nestas férias. Porém… ele não contava com uma coisa…
Alfredo: VOVÔ! Ai, que felicidade! Estava louco para chegar aqui e começar a diversão! YEAH!
Vovô: É meu neto, eu também esperava a sua visita.. mas tive uma conversa muito séria com sua mãe… (Alfredo faz cara estranha) Soube que o senhor não está muito saudável quando falamos em ALIMENTAÇÃO.
Alfredo: Ah vovô, não é bem assim… tipo, eu como… Mas é que tem coisas muito mais gostosas, mais cheirosas, mais doces, mais TUDO!
Vovô: Eu sei, mas você tem que aprender que isso não é saudável. Daqui uns anos, quando você chegar na minha idade, vai ficar muito mal… Imagine? Você vai querer isso?
Alfredo: Não né vovô…
Vovô: Então? Antes de pegar o nosso cavalo Tempestade e correr por aí, vou te ensinar uma coisa muito legal.
Alfredo e o avô começam a preparar rapidamente uma horta suspensa (cada um, uma). Logo em seguida, a penduram no telhado da casa de fantoches. Já terá um vegetal escondido no telhado da casa para ser “colhido” depois.
Narrador: Pois é pessoal, o que Alfredo achava ruim… acabou o surpreendendo
muito! Juntos, eles começaram a criar uma horta suspensa! Assim, conseguiram plantar e espalharam por toda a casa! Com o tempo, os vegetais foram crescendo e o vovô acabou sugerindo algo inusitado para Alfredo.
Vovô: Então meu garoto, que tal você experimentar uma salada bem gostosa com os vegetais que você mesmo plantou com o seu avô?
Cena congela! Alfredo pergunta para as crianças se deve ou não comer, interage com o público.
Alfredo: Tá certo vovô, vou experimentar! (Alfredo e avô se abraçam)
Narrador: O vovô manjava bem na cozinha, preparou uma lasanha de berinjela e fez uma salada bem colorida! Hummmm… até me deu vontade de comer, mas antes deixa eu terminar essa peça antes que fique com mais fome.

FIM.

Felipe Barbosa Dias, Aglai Raiane Miranda Correia, Charlton Hebert Ribeiro Santiago, Daniele Laranjeiras de Andrade, Evilla Wanda Reis de Lima, Lain Blanco de la Peña, Larissa Lima Santos, Pedro Santana Sales Lauria, Matheus Reis Santos Aguiar, Vincent Malheiros Knaebel são  estudantes da Universidade Federal da Bahia e cursaram a ACCS A82 (Atividade Curricular em Comunidade Programa Social de Erducacao, Vocacao e Divulgacao Cientifica da Bahia) em 2014.1, Salvador, Bahia.
Ivson Santana Gomes é estudante de Ciências Biológicas e monitor da ACCS A82 da Universidade Federal da Bahia, Salvador, Bahia (nosvi.gomes@gmail.com).
Rejâne M. Lira-da-Silva é Bióloga, Professora Associada e Coordenadoraora da ACCS A82 (Atividade Curricular em Comunidade Programa Social de Erducacao, Vocacao e Divulgacao Cientifica da Bahia) do Instituto de Biologia, Universidade Federal da Bahia, Salvador, Bahia (rejane@ufba.br)
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Vivenciar o Projeto Ciência, Arte e Magia*

Por: Caio Vinícius de Jesus Ferreira dos Santos

Vivenciar o Projeto Ciência, Arte & Magia foi fazer parte de uma construção humana que nos despertou para um olhar crítico e criativo face às relações mais prosaicas da vida. Além disso, atrás daquela porta cinza, encontros e despedidas aguçaram mentes a contemplar a realidade posta com fito de questioná-la e transformá-la.

dia-do-meio-ambienteDentre emoções, palavras duras, correções, apresentações de trabalho, era visível, mesmo aos olhos mais desatentos, a concretude do desejo de conhecer e aprender com a imensidão do outro. Fato que, muitas vezes, tocar àquela toada despendia esforço e resignação; todavia, “diamante se faz sob pressão”. Sobretudo, era presente o sentimento prazenteiro e radiante de pertencer à sala com cheiro de animal peçonhento ou ao famigerado laboratório das fadas, que reservava a magia, a arte e a ciência para cada um de seus transeuntes.

Um olhar do outro lado da vidraça, o sorriso silencioso, um aceno, um pedido de silêncio ou o andar junto eram, e ainda é, acredito, a semente pura e mais frutífera de amizades que ultrapassaram o abismo histórico de uma sala separada, pelo muro vítreo, entre ensino médio e graduação. Sinto tanta saudade das saborosas discussões sobre o amanhã e o sútil temor das incertezas proporcionadas pelas meditações e contemplações ao som de Chopin.

Sinto tanta saudade das ideias flamejantes, queimando o espírito jovial. Sinto tanta saudade de me deparar com o novo, com as realidades tão diferentes que só a educação emancipadora pode anunciar. Contudo, ainda sinto o cheiro, ao fechar os olhos, dos congressos, dos seminários, dos experimentos, ouço as palavras, os sotaques, os sons, e ain – da pego nos livros empoeirados que inundaram minha mente e minha casa depois da SBPC Jovem, da FENACEB, do Segundo Encontro de Jovens Cientistas. Até hoje, conservo o crachá do “Laboratório do Mundo” e tenho uma gaveta cheia de camisas das mais variadas pri – maveras dos museus. Também, me divirto ao dizer que encarnei o pai da teoria da evolução, na tentativa de divulgar os Anos Darwin. Igualmente, escondo as fotos de professora Rosa (personagem de Alice no Mundo da Biodiversidade) e carinhosamente revisito os textos que escrevi sob caridosa e consistente orientação de Yukari, Rosimere, Rejâne, Bárbara, Jorge e outros.

Sempre me reporto às saudosas memórias do CAM nas reflexões da monitoria em Filosofia do Direito (desempenho a atividade de monitor na Faculdade de Direito da UFBA), na busca de com – preensão do sentido de justiça, na inquietação do pensador do Direito (área em que me realizo percentualmente) frente aos obstáculos éticos e científicos que assentam a construção jurídica. Ademais, estou Presidente do Centro de Estudos e Pesquisas Jurídicas da FDUFBa, lugar que ressuscita os desafios e perspectivas do pensar, imaginar e erigir uma educação de qualidade com escopo na inovação.

É com uma notória paixão que agradeço e parabenizo essa família pelos dez anos de sonho, aspiração e realização. Tenho a certeza que os cérebros e corações tocados por essa invenção de educação carregam o gérmen conducente a um tempo vindouro onde o ensino será dialógico e humanitário. Isto com espeque na formação de uma sociedade mais igualitária, consciente, fraterna e justa.

Caio Vinícius de Jesus Ferreira dos Santos é acadêmico de Direito e exerce a função de Diretor-Presidente do Centro de Estudos e Pesquisas Jurídicas da Faculdade de Direito da Universidade Federal da Bahia, Salvador, Bahia (caio – jfsantos@hotmail.com).
*Saiba mais sobre o Projeto Ciência, Arte & Magia, hoje Programa Social de Educação, Vocação e Divulgação Científica da Bahia, no site www. encontrodejovenscientistas.com
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